Entenda a importância do Design Thinking
Jerry Sternin, professor universitário norte-americano, conseguiu reduzir sensivelmente a má nutrição no Vietnam. Ele e sua esposa eram responsáveis pela criação de um modelo que diminuísse a desnutrição de crianças de 10.000 vilas vietnamitas. Uma nova ação era necessária, porque as doações da ONU não estavam surtindo o efeito desejado.
O grupo dos Sternins decidiu pensar de forma diferenciada, considerando as soluções criativas dos próprios habitantes locais. Observando comunidades da província de Than Hoa, os pesquisadores perceberam que havia famílias pobres cujos filhos não estavam desnutridos. Com esses grupos, Sternins e companhia aprenderam que havia uma gama de alimentos dispensados por boa parte das famílias, que eram utilizados por essas famílias. Além disso, tais famílias utilizavam mais refeições pequenas por dia, em detrimento de refeições maiores, feitas somente duas vezes.
Em vez de oferecer mais doações de alimentos, Sternin e sua equipe ofereceram aulas de culinária para as famílias mais necessitadas. Isso para que eles fossem capazes de incluir pequenos camarões, caranguejos e lesmas na sua dieta. Ao fim do programa, 80% das crianças matriculadas no programa estavam adequadamente alimentadas. Após esses ótimos resultados, o programa foi utilizado em mais 14 vilas no país. Leia mais sobre essa história aqui (em inglês).
Esse caso é um dos maiores exemplos de aplicação do Design Thinking. Você pode perceber que a abordagem do problema foi feita de uma maneira pouco convencional. Em vez de partir de premissas tradicionais, os integrantes do projeto se inseriram no problema, ouviram os envolvidos e pensaram em soluções. Logo depois, desenvolveram um projeto de aplicação e, somente após o seu sucesso, implementaram a solução em outras situações. Estão aí todas as fases do Design Thinking. Falemos mais sobre elas.
As Fases do Design Thinking
São basicamente 3 fases que compõem um projeto orientado pelo Design Thinking: imersão, ideação e prototipagem. Alguns especialistas se referem a outras fases além das 3 principais. No entanto, podemos considerar tais estágios como complemento das demais.
1. Imersão e a descoberta do problema
Neste momento inicial, ocorre a aproximação ao problema. Os pesquisadores buscam compreender a situação. Para isso, identificam os envolvidos e até onde deve ir o projeto. Utilizam métodos mais diretos de observação e registro de dados, como entrevistas e análises in loco, levando em consideração diferentes perspectivas.
Nessa fase pode ocorrer o que Marcos Hashimoto, professor da ESPM, chama de insight. Ideias repentinas podem surgir da análise do comportamento de pessoas e como elas mesmas pensam e implementam soluções. Se você quiser ter mais insights, vale enxergar as coisas pelas perspectivas dos outros.
2. Ideação e a criação do projeto
Com a utilização dos conhecimentos empíricos adquiridos na imersão, como os próprios cartões de insight, os envolvidos no projeto constroem um mapa conceitual da solução. Para chegar a esse nível, eles devem buscar diferentes perspectivas e propostas, fazer comparações e decidir coletivamente quais os melhores modelos.
Quem são os stakeholders ou o público-alvo? Que profissionais devem ser acionados para formar uma equipe suficientemente capaz de dar conta do projeto? Quais são as fases do projeto e o que pode ser feito para que ele melhore? Todas essas perguntas devem ser respondidas nessa fase.
3. Prototipação e concretização do projeto
Na última fase de um projeto de Design Thinking, você retira o seu projeto do plano de ideias, e o põe na prática. Embora esse processo possa ocorrer em todas as fases, é geralmente nesse momento final que ela tem sua maior importância.
Todas as ideias pensadas na Imersão e na Ideação passam a ser utilizadas em conjunto pelo público-alvo como solução para o problema. A utilização real e prática faz surgir erros, imperfeições e até bons aspectos do produto. Em tempo, os responsáveis pelo produto fazem as modificações necessárias e devolvem o produto até que ele represente a melhor solução possível para o problema.
Onde aplicar o Design Thinking?
Grandes empresas têm adotado o Design Thinking como uma das diretrizes para melhores resultados e mais sucesso. A Totus (veja a matéria) , fabricante brasileira de software, adotou recentemente essa abordagem, partindo do princípio que a compreensão do cliente tem alta importância na criação do produto. Multinacionais como IBM e Procter & Gamble tem conhecido melhor seus usuários e clientes a partir da observação, reflexão e prototipação.
E como já exemplificamos no início desse texto, essa abordagem não somente se aplica ao meio empresarial. Ela pode produzir ótimos resultados em contextos de desenvolvimento social e pessoal.
Interessante? O Design Thinking é um dos buzzwords da atualidade. Não é difícil achar informações e cursos a respeito, como esse (http://escoladesignthinking.echos.cc/cursos/design-thinking-experience/).
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